O que é o Cartão de Crédito Consignado de Benefício (RCC)?

Nos últimos anos, o mercado financeiro tem lançado novos produtos voltados para aposentados e pensionistas do INSS. Um dos mais recentes e polêmicos é o Cartão de Crédito Consignado de Benefício (RCC). Embora seja apresentado como uma vantagem para os consumidores, ele tem gerado preocupação devido a práticas abusivas por parte das instituições financeiras.

Se você é aposentado, pensionista do INSS ou conhece alguém que recebe benefício previdenciário, este artigo é essencial para entender como funciona o RCC, quais são seus riscos e como se proteger de abusos.

O que é o RCC e como ele funciona?

O Cartão de Crédito Consignado de Benefício (RCC) é um tipo de cartão de crédito voltado exclusivamente para aposentados e pensionistas do INSS. Ele funciona de maneira semelhante ao cartão de crédito tradicional, mas com uma diferença fundamental: os descontos são feitos diretamente na folha de pagamento do benefício previdenciário.

A principal promessa desse produto é oferecer taxas de juros menores em comparação com outros tipos de crédito. No entanto, ele também apresenta riscos, pois muitas instituições financeiras utilizam estratégias agressivas para impô-lo aos consumidores, muitas vezes sem o devido consentimento.

Como o RCC surgiu?

O RCC foi criado pela Medida Provisória 1.106/2022, posteriormente convertida na Lei 14.431/2022. Esse novo produto ampliou a margem consignável dos benefícios do INSS, permitindo que aposentados e pensionistas tivessem um novo limite de crédito além do tradicional RMC (Reserva de Margem Consignável).

Inicialmente, a margem consignável era de 5% do benefício para operações do RCC ou do RMC. Entretanto, a evolução normativa permitiu que essa margem fosse ampliada para 10% (5% para o RMC e mais 5% para o RCC), aumentando o endividamento dos beneficiários.

Diferença entre RCC e RMC

Muitos consumidores confundem o RCC com o RMC (Reserva de Margem Consignável). Embora ambos sejam cartões consignados, há diferenças cruciais:

CaracterísticaRMCRCC
DestinatáriosAposentados, pensionistas e servidores públicosApenas aposentados e pensionistas do INSS
Uso do créditoLivre para qualquer estabelecimentoRestrito a redes conveniadas e saques limitados
Margem consignável5%5%
ParcelamentoPode gerar “dívida infinita”Amortização constante com prazo máximo de 84 meses

Os principais riscos do RCC

Apesar das promessas de taxas reduzidas, o RCC apresenta vários riscos:

1. Contratação sem consentimento

Um dos problemas mais comuns relacionados ao RCC é a contratação sem a expressa vontade do consumidor. Muitos aposentados são surpreendidos com descontos em seus benefícios sem nunca terem solicitado o cartão.

2. Juros elevados e dívida prolongada

Embora o RCC tenha limites de juros definidos por norma do INSS, algumas instituições financeiras aplicam taxas abusivas. Além disso, o parcelamento da dívida pode chegar a 84 meses (7 anos), comprometendo por muito tempo a renda do beneficiário.

3. Aumento do endividamento dos aposentados

Com a ampliação da margem consignável, muitos aposentados e pensionistas acabam utilizando o RCC sem perceber o impacto que isso pode ter em sua renda mensal.

4. Dificuldade de cancelamento

Outro problema relatado por consumidores é a dificuldade de cancelar o RCC. Algumas instituições exigem uma burocracia excessiva para impedir que o consumidor consiga se livrar do crédito consignado.

Como identificar um RCC contratado indevidamente?

Se você é aposentado ou pensionista do INSS, fique atento ao seu extrato de pagamento. Os códigos que aparecem podem indicar que um RCC foi contratado sem o seu conhecimento:

  • Código 268 – Indica que há um desconto ativo do RCC em seu benefício.
  • Código 383 – Reserva de margem para RCC (indica que o cartão foi aprovado e pode ser utilizado a qualquer momento).
  • Código 217 – Indica que o consumidor está pagando um crédito obtido via RCC ou RMC.

Caso identifique algum desses códigos sem ter solicitado o cartão, é possível que tenha sido vítima de contratação indevida.

O que fazer em caso de contratação indevida?

Caso você perceba descontos indevidos em seu benefício, siga os seguintes passos:

  1. Solicite informações ao banco: Peça todos os documentos relacionados à contratação do RCC.
  2. Registre um Boletim de Ocorrência: Isso é essencial para formalizar que você não reconhece a dívida.
  3. Notifique o banco via consumidor.gov.br ou Banco Central: Muitos casos são resolvidos por esses canais.
  4. Entre com uma ação judicial: Se o banco não resolver a situação, procure um advogado para pedir a anulação do contrato e a devolução dos valores descontados indevidamente.

Como se proteger do RCC?

  • Nunca compartilhe seus dados pessoais ou bancários com terceiros.
  • Fique atento a ligações oferecendo créditos “pre-aprovados”.
  • Consulte regularmente seu extrato do INSS para identificar descontos indevidos.
  • Em caso de dúvida, procure um advogado especializado em direito do consumidor bancário.

Conclusão

O RCC pode ser uma opção de crédito para alguns consumidores, mas também pode se tornar uma armadilha financeira se contratado sem planejamento ou sem consentimento. Por isso, é essencial conhecer seus direitos e agir rapidamente em caso de fraudes.

Se você suspeita de contratação indevida ou precisa de ajuda para cancelar um RCC, o escritório Góes e Robazza Advogados pode auxiliar na defesa dos seus direitos. Entre em contato conosco:

📍 Endereço: Rua Cerqueira César, 481, Sala 105, Centro, Ribeirão Preto – SP
📞 Telefone: (16) 99239-0794 | (16) 3325-1007
📧 E-mail: contato@geradv.com.br
🌐 Saiba mais: www.geradv.com.br

Deixe um comentário